Justificativa

Reconhecidos como espaços de aprendizagem informal, os Museus evoluíram conceitualmente apoiados pelo debate sobre sua função educativa e pelos processos de aquisição do conhecimento que ali se operam. Segundo a definição de museu do ICOM (International Council of Museums - Conselho Internacional de Museus), são enquadradas as instituições que abriguem espécimes vivos de plantas e animais (§ 2º, 3º e 4º arts. do Estatuto – ICOM, 2001), desde que realizem atividades de conservação, pesquisa, exposição, adquira e divulgue o material. Esta definição, de caráter geral, é aplicada a toda instituição, seja de propriedade pública ou particular, e independente de seu tamanho ou complexidade, aberta ao público, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. Sendo assim, o espaço do Núcleo Regional de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia (NOAP) foi cadastrado como Museu de Ciências em abril de 2008.

Este Projeto trata de um conjunto de ações educativas a fim de qualificar, ao nível de Aperfeiçoamento, profissionais da educação, saúde, arte, meio ambiente e museologia, para o desenvolvimento científico/sócio-cultural do Estado da Bahia, através da preservação, da pesquisa e da comunicação do acervo do Núcleo Regional de Ofiologia e Animais Peçonhentos, da Universidade Federal da Bahia (NOAP/UFBA), popularizando e desmistificando a Zoologia, principalmente acerca dos animais venenosos. Com isso, pretende-se prestar serviços à sociedade através da valorização e reconhecimento do patrimônio natural representado pela Biodiversidade da fauna do Estado da Bahia, em comemoração ao Ano Insternacional da Biodiversidade (2010), contribuindo para a conscientização da população frente às questões do Meio Ambiente e dos profissionais, especialmente os da área da educação, da importância de utilizar ferramentas educativas e formar público para a visita de Museus nesta área do conhecimento.

Em Salvador, existem cerca de 77 museus, porém nenhum de História Natural. Apesar da UFBA possuir um Museu de Zoologia, ele não possui um setor de divulgação cultural, com espaço aberto ao público, limitando-se a abrigar importantes coleções científicas zoológicas.

A inexistência de exposições abertas ao público e de ações educativas deste cunho tem deixado uma enorme lacuna na formação profissional de graduados e de alunos do ensino fundamental e médio que não entram em contato com algumas das potencialidades da Ciência e não desenvolvem certas habilidades e vocações. O aluno hoje sabe mais da fauna exótica, que não ocorre em nossa região, como leões, gorilas, elefantes etc. e desconhece quase que completamente da nossa fauna regional, como os invertebrados marinhos, sagüis, tatus, serpentes, aves migratórias etc. Neste sentido, a divulgação e popularização do conhecimento precisam derivar de estudos científicos rigorosos, do conhecimento da fauna regional e da montagem e estudo de acervo regional como suporte para demais atividades.

O acervo das coleções científicas e didáticas do NOAP/UFBA foi constituído a partir das operações de resgate e salvamento de animais durante a construção de barragens para hidrelétricas, como as realizadas em Pedra do Cavalo (1982), Itaparica (1988-89) e Xingó (1994). Além dessas operações de campo, contamos com coleta e captura de animais de Projetos de Pesquisa com licenças ambientais do IBAMA e doações da comunidade. Com isso pudemos montar um acervo didático da atividade de extensão de cunho educacional e museológico, como é o caso do projeto “REDEZOO – Rede de Zoologia Interativa”, que, de maneira lúdica e itinerante, leva a população baiana à construção de conhecimentos acerca dos animais peçonhentos, que se vêem, atualmente, comprometidos devido à criação de diversos mitos equivocados a respeito desses seres.

O NOAP tem, portanto, esta importante finalidade, que é a de fornecer não apenas o acesso, mas também de propiciar o aprendizado, a motivação e o despertar de vocações. Museus e Centros de Ciências têm-se constituído, historicamente, numa ponte entre o ontem e o hoje, abrindo freqüentemente janelas para o amanhã, além de procurar concretizar diversos conceitos e suas aplicações tecnológicas (SAAD, 1998). Segundo Mascarenhas (1998), estes espaços vêm assumindo importância crescente no processo educativo. Cada vez mais estudantes e a população em geral procuram esses espaços culturais. Como o desenvolvimento científico e tecnológico nem sempre é acompanhando pela apropriação, por parte dos estudantes e da população em geral, de parte da cultura científica e tecnológica subjacentes, esses espaços culturais constituem janelas para a alfabetização científica.

Isso vem preencher uma importante lacuna que a escola hoje não consegue oferecer: laboratórios vivos e, muitas vezes, com uma temática atual e desafiadora. A idéia de produção de materiais didáticos e interação com escola não é nova, mas até então não foi aplicada em toda sua potencialidade. A missão de centros e museus de ciência envolve a popularização da ciência e tecnologia, a educação não formal em temas de ciência, o apoio ao setor educativo escolarizado, a recreação com enfoque na ciência, o espaço de convivência e de interação, a criação da consciência acerca do aporte social da ciência e o estímulo à formação de vocações científicas e tecnológicas (PADILLA, 2002), baseadas principalmente na criatividade e experimentação.

Assim é que se propõe a implantação de um curso, ao nível de Extensão, culminando com exposições de curta duração, produção de zookit, zoojogos, teatro de fantoches, zoorede e o fortalecimento do setor de atividades educativas, como forma de efetivamente intervir na melhoria da qualidade do ensino da Zoologia nos níveis fundamental, médio e superior, bem como da população em geral, desenvolvendo, difundindo e popularizando a cultura científica junto à sociedade.

Além disso, este projeto aponta para a consolidação deste novo espaço museual de cultura científica regional, constituindo-se em uma verdadeira vitrine científica, na expectativa de contribuir para a formação de mentes criativas, necessárias à produção de cultura e ciência, conservação da nossa biodiversidade e desenvolvimento de nosso Estado.